quinta-feira, 31 de julho de 2014

Funcionários da Embaixada do Brasil na Líbia são transferidos para a Tunísia

Transferência temporária ocorre por questões de segurança, de acordo com comunicado; assistência continuará normalmente

O governo brasileiro decidiu transferir temporariamente os servidores de nacionalidade brasileira da Embaixada do Brasil em Trípoli para Túnis, na Tunísia, por causa da falta de segurança na Líbia.


 
AP
Reprodução de vídeo mostram combatentes que disputam controle de aeroporto em Trípoli, Líbia (26/7)
Por meio de nota desta quinta-feira (31), o Itamaraty informou que a medida foi adotada por causa da “contínua deterioração das condições de segurança” não implicará no fechamento da representação diplomática naquela país.

De acordo com o documento, a representação brasileira continuará prestando assistência aos portadores de passaporte do Brasil residentes na Líbia. O Ministério de Relações Exteriores disponibilizou dois números de telefone para atender a demandas consulares: (218) 91-727-8419 e (218) 91-840-7386.

Ataques

Intensos ataques de artilharia foram retomados nesta quinta no sul de Trípoli, onde milícias rivais lutam controle do principal aeroporto da capital, em um dos mais duros combates desde a revolta de 2011, que depôs Muammar Gaddafi.

Cerca de 200 pessoas foram mortas desde que os confrontos começaram há duas semanas na capital da Líbia e na cidade de Benghazi, leste do país, onde uma coalizão de militantes islâmicos e ex-rebeldes tomou o controle de uma grande base militar na cidade.

Estrondos de artilharia e canhões antiaéreos ecoaram por Trípoli nesta quinta-feira de manhã, um dia após um cessar-fogo temporário pactuado pelas facções rivais para permitir que bombeiros apagassem um grande incêndio em um depósito de combustível atingido por um foguete.

Três anos após a queda de Muammar Gaddafi, o frágil governo da Líbia e seu incipiente Exército foram incapazes de impor a autoridade do governo central sobre brigadas armadas de ex-rebeldes que se tornaram a principal força do país.

A maioria dos confrontos se concentra ao sul de Trípoli, onde facções rivais trocaram disparos de foguetes Grad e tiros de artilharia e de canhão. A luta ocorre entre o aeroporto, controlado pela brigada Zintan, e a área sob controle de seus rivais, da brigada Misrata.

Na quarta (30), grupos islamitas tomaram o controle da principal base do Exército líbio em Benghazi, no Leste da Líbia, após combates que mataram dezenas de soldados, em meio à crescente onda de episódios violentos no país.

Em um desses episódios, em Trípoli, uma enfermeira filipina foi sequestrada ontem durante algumas horas e violentada por um grupo armado. As fontes médicas e dos serviços de segurança líbios que divulgaram o ocorrido informam também que os agressores não foram identificados.

O Ministério da Saúde líbio indicou, em comunicado, que o episódio deverá acelerar a decisão das autoridades filipinas de retirar cidadãos daquele território, incluindo 3 mil médicos e enfermeiras.

A organização humanitária Crescente Vermelho, federada à Cruz Vermelha Internacional, informou ter retirado de uma base militar corpos de 35 soldados, afirmando que ainda há mais cadáveres no local.

“Até agora conseguimos retirar 35 corpos. Mas há mais no bairro de Bouatni, onde está situada a base militar e outras estruturas da unidade das Forças Especiais do exército líbio”, disse à agência internacional AFP, o porta-voz do Crescente Vermelho, Mohamed al-Misrati.

Em sua página no Facebook, o grupo Ansar Asharia publicou fotografias do material bélico conquistado após o assalto à base militar: dezenas de armas e caixas de munições.

Os confrontos registrados nas últimas semanas no país são os mais violentos desde a queda do regime de Muammar Kadhafi, em 2011 e acontecem entre milícias armadas e o Exército líbio.

Diante do clima de caos, o deputado Abu Bakr Biirao informou que o novo Parlamento líbio, eleito no dia 25 de junho, decidiu fazer uma reunião de urgência no sábado (2) em Tobrouk, no Leste da Líbia.

Inicialmente, o novo Parlamento deveria assumir funções no próximo dia 4, em Benghazi. “Em virtude da situação perigosa no país decidimos ter uma reunião de urgência em Tobrouk, a cerca de 200 quilômetros a leste de Benghazi”, disse Biirao, que vai presidir a sessão inaugural.

Perante a escalada de violência, principalmente na capital líbia Trípoli, vários países ocidentais têm retirado seus cidadãos ou funcionários diplomáticos do território. Nas últimas 24 horas, cerca de 50 franceses e britânicos saíram do país em barcos.

Ainda em Trípoli, os bombeiros continuavam hoje a combater, pelo quarto dia consecutivo, um violento incêndio num grande depósito de armazenamento de combustíveis. O incêndio foi provocado por foguetes disparados durante os confrontos entre milícias rivais.


iG São Paulo
Com informações da Agência Lusa, Agência Brasil e Reuters

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