segunda-feira, 19 de junho de 2017

Sem prestígio, Temer recebe poucos convites de chefes de Estado

Diante da crise política no Brasil, número de acordos a serem assinados na Rússia caiu pela metade

Temer e Putin de mãos dadas durante encontro dos Brics, em outubro de 2016 - AFP

O presidente Michel Temer embarca nesta segunda-feira para uma viagem à Rússia e à Noruega na condição de um dos líderes mais enfraquecidos da história do Brasil em termos de política externa. Temer conta com pouquíssimos convites de viagem para encontros com chefes de Estado que, aparentemente, esperam que os problemas internos se resolvam. Existe o receio de que o investimento em uma relação política com o governo brasileiro seja de curtíssimo prazo.

Com a agenda esvaziada, a expectativa é que os acordos a serem firmados com esses países sejam menos numerosos do que se imaginava. O convite da viagem à Rússia foi feito em fevereiro deste ano. Segundo fontes do governo, o número de acordos que estavam sendo preparados para a assinatura dos dois mandatários durante a visita teria caído pela metade. Temer terá reuniões na Rússia amanhã e na quarta-feira. Ele parte na manhã do dia 22 para Oslo, capital da Noruega.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, também não vive seu melhor momento. A Rússia tem enfrentado os piores protestos deste 2012 e o governo responde com seguidas prisões de manifestantes, em atos contra a corrupção. O líder da oposição Alexei Navalny está preso novamente. Outro ponto negativo é que os russos estão sob sanções do Ocidente desde 2014. Putin é pivô de um grande escândalo de tráfico de influência que põe em perigo a durabilidade do governo do republicano Donald Trump, nos Estados Unidos.

Também é sinal de desprestígio o fato de diversos líderes, que têm vindo ao longo dos últimos meses à América Latina, nem sequer passarem por Brasília. Um exemplo clássico de comparação com o Brasil é a Argentina. Buenos Aires recebeu, desde o ano passado, os ex-presidentes dos Estados Unidos e da França, Barack Obama e François Hollande; o presidente da Itália, Sergio Mattarella; e a chanceler alemã Angela Merkel.

Amanhã, o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, que está em Pequim para participar da cúpula do Brics (sigla do bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), embarcará para Moscou. Também na China em reunião com ministros da Agricultura do Brics, Blairo Maggi fará parte da comitiva presidencial.


Vivian Oswald/Eliane Oliveira
O Globo

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