domingo, 18 de setembro de 2016

Ataque letal dos EUA contra Exército sírio 'beira a conivência com o Daesh'

 Ministério das Relações Exteriores da Rússia
 © Sputnik/ Natalia Seliverstova 
 
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia divulgou hoje (18) um comunicado severo após 24 horas de enfrentamentos diplomáticos na sequência do ataque alegadamente "não intencional" dos EUA em Deir ez-Zor, que matou 80 soldados sírios e "abriu o caminho" para uma nova ofensiva do Daesh na Síria.
 
A chancelaria russa reforçou neste domingo (18) as sugestões de que os EUA podem estar ajudando os terroristas do Daesh (autodenominado Estado Islâmico) na Síria, após a coalizão liderada pelos norte-americanos ter atingido posições das tropas sírias apenas alguns dias após o início do cessar-fogo intermediado por Washington e Moscou.
 
"A ação dos pilotos da coalizão – se eles, como esperamos, não estavam cumprindo uma ordem de Washington – está no limite entre a negligência criminosa e a conivência com os terroristas do Estado Islâmico", disse o Ministério das Relações Exteriores russo. Representante permanente da Rússia na ONU, Vitaly Churkin © AP Photo/ Julie Jacobson Rússia revela detalhes do acordo com os EUA sobre a Síria após ataque de Deir ez-Zor.
 
A linguagem usada no comunicado ecoa declarações do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia que, no sábado, sugeriu que a "Casa Branca está defendendo o Daesh", como tem supostamente defendido os terroristas da al-Nusra, não fazendo distinções entre os jihadistas e a chamada oposição moderada.
 
"Exortamos fortemente Washington a exercer a pressão necessária sobre os grupos armados ilegais sob o seu patrocínio a fim de implementar o plano de cessar-fogo incondicionalmente. Caso contrário, a execução de todo o pacote dos acordos EUA-Rússia alcançados em Genebra em 9 de setembro pode ser prejudicada", acrescentou a chancelaria russa. Samantha Power, representante permanente dos EUA na ONU © AP Photo/ Virginia Mayo Representante dos EUA chama ações da Rússia na ONU de 'cínicas e hipócritas' 
 
A escalada da retórica de Moscou acompanha os comentários do secretário de Estado dos EUA, John Kerry, que disse que a Rússia teria culpa por não fazer mais para apoiar o cessar-fogo, e que o país deveria "parar com a arrogância, parar com o exibicionismo e fazer chegar a assistência humanitária".
 
Samantha Power, representante permanente dos EUA na ONU
© AP Photo/ Virginia Mayo
Representante dos EUA chama ações da Rússia na ONU de 'cínicas e hipócritas'
 
A embaixadora dos EUA na ONU, Samantha Power, também fez observações semelhantes em uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas no sábado (17), tentando aliviar a responsabilidade da coalizão liderada pelos EUA no ataque a Deir ez-Zor e jogando-a para a Rússia e a Síria.
 
Os EUA também provocaram a ira da Rússia diplomaticamente nas últimas 24 horas, depois que o Comando Central dos EUA, ao passo em que reconhecia que o ataque às tropas sírias havia sido “acidental”, alegava ao mesmo tempo que a Rússia havia sido notificada previamente a respeito da região que seria atacada pela coalizão – algo que o Ministério da Defesa e o Ministério das Relações Exteriores da Rússia negaram categoricamente ter acontecido.


Sputnik News

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