segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Relatório: Em quase um ano, ataques aéreos dos EUA contra EI mataram mais de 450 civis

Entre os não combatentes mortos, mais de cem são crianças; para comandante dos EUA, operação é a 'mais precisa e disciplinada da história da guerra aérea'

A coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos já matou mais de 450 civis desde o início dos ataques aéreos contra militantes do Estado Islâmico, no Iraque e na Síria, segundo um relatório divulgado nesta segunda-feira (03/08) pelo The Guardian.

Criado por uma equipe de jornalistas independentes, o documento faz parte do projeto “Airwars”, que analisa os bombardeios que acontecem na região desde o dia 8 de agosto de 2014. A partir desta data, mais de 5.700 ataques aéreos foram lançados.
EFE

Homem vê destroços de ataque de coalizão dos EUA na cidade iraquiana de Fallujah, na semana passada

Dessas milhares de ações, foram analisadas 118 ofensivas detalhadas com informações de fontes confiáveis que apontam que, em 52 bombardeios, ao menos 459 não combatentes — dos quais mais de 100 são crianças — morreram.

Contudo, a Centcom, central de comando norte-americano responsável pela operação, só admitiu a morte de duas crianças em uma ação em novembro de 2014, na Síria. As outras acusações de civis mortos são consideradas “infundadas”.

Para o comandante da aliança internacional, o general John Hesterman, esta campanha contra o Estado Islâmico na Síria e no Iraque é a “mais precisa e disciplinada da história da guerra aérea”. Como a coalizão só reconheceu até hoje a morte de dois não combatentes, o impacto dessa ofensiva sobre os civis ainda é amplamente desconhecido.

Divugação/ Ministério de Defesa da Austrália

Avião de guerra australiano sobrevoa Oriente Médio e ataca posições do Estado Islâmico na região

Entretanto, de acordo com Chris Woods, líder do projeto “Airwars”, a ofensiva liderada pelos EUA foca em áreas urbanas, fazendo com que as mortes de civis sejam “inevitáveis”, apesar dos “esforços significativos” para evitá-las.

“O que nós estamos vendo no Iraque e na Síria é que a coalizão está bombardeando onde o Estado Islâmico está e este grupo está nas cidades... Sem surpresas, é lá onde estamos acompanhando o maior número de baixas entre civis”, explica Woods.

Tensão no Oriente

Hoje, o presidente dos EUA, Barack Obama, autorizou o Exército norte-americano a realizar novos ataques aéreos na Síria para combater o Estado Islâmico com o intuito de defender grupos militantes sírios que lutam contra a organização extremista sunita e que já haviam sido treinados e equipados pelo Pentágono no passado.

Para muitos funcionários do Pentágono, há um profundo receio de que essa nova etapa de apoio às milícias sírias abra uma nova crise entre a administração Obama e o governo de Assad. A medida vem poucos dias após a Turquia começar a bombardear o Estado Islâmico na Síria, bem como os curdos do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão), no extremo norte do Iraque.


Opera Mundi

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