segunda-feira, 4 de maio de 2015

Eduardo Cunha prepara Câmara para guerra e compra kit para repressão de protestos



Por Isabel Braga

A Câmara dos Deputados está ampliando o arsenal usado por seguranças em confronto com manifestantes. A compra de equipamentos “bélicos” em 2014 chamou a atenção do PSOL, que decidiu requerer à direção da Casa as regras básicas de segurança a serem adotadas em votações polêmicas que estão previstas para os próximos meses, como as do ajuste fiscal e da reforma política.

O levantamento feito pelo PSOL mostra que, em 2014, a Câmara adquiriu 200 escudos, 200 capacetes, 200 cassetetes, 50 trajes policiais antitumulto e 100 protetores de joelho, canela e pé. Tudo a um custo de R$ 222 mil. Foram adquiridas ainda 700 unidades de spray de pimenta e gás lacrimogênio, num total de R$ 166,8 mil, além de 26 mil munições calibre 38 e 40, a R$ 65,5 mil. A lista também tem a compra de 1.800 distintivos para o Departamento de Polícia Legislativa por R$ 4.140,00.

— Toda matéria polêmica mobiliza segmentos sociais a virem à Câmara e isso deve ser motivo de alegria democrática, não de medo, tensão e proteção dos parlamentares — argumentou o líder do PSOL, Chico Alencar (RJ).

O líder admite que a Casa se prepare para evitar que manifestações saiam do controle, mas diz que o exagero no aparato de segurança pode levar a situações como a da votação do projeto que regulamenta a terceirização, em abril, ou da recente repressão a professores no Paraná:

— Onde tem muita polícia, em geral, na realidade brasileira, tem pouca política. Na dita Casa do povo não se justificam galerias fechadas, como aconteceu na terceirização e agora no Paraná.

O requerimento do PSOL pede que o primeiro secretário da Câmara, deputado Beto Mansur (PP-SP), esclareça as regras de acesso à Casa, a base legal para impedir a entrada com faixas, camisetas de categorias, entre outras normas. O documento também questiona se os policiais legislativos recebem treinamento de “cunho humanista, com disciplinas como ética, direitos humanos” e se a Câmara tem “garantido acompanhamento continuado de natureza psicológica” aos agentes.


Isabel Braga
O Globo 

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