sexta-feira, 24 de abril de 2015

Dilma: balanço da Petrobras marca nova era na empresa

A presidenta Dilma Rousseff confirmou hoje (24) que a divulgação do balanço de 2014 da Petrobras marca uma nova fase da empresa. Enquanto aguardava a chegada da presidenta sul-coreana, Park Geun-hye, no Palácio Itamaraty, Dilma foi perguntada pelos jornalistas se a divulgação marcava uma nova era da petrolífera brasileira e respondeu: “sem sombra de dúvida”.

O balanço auditado de 2014 da Petrobras foi divulgado na quarta-feira (22) e mostrou que a estatal teve um prejuízo total de R$ 21,6 bilhões, sendo R$ 6,2 bilhões com perdas referentes à corrupção. No mesmo dia, o atual presidente da empresa, Aldemir Bendine, pediu desculpas, em nome dos empregados da estatal, pelas irregularidades ocorridas na companhia.

“Eu hoje represento a companhia. A Petrobras foi vítima de tudo isso pelo que ela passou. Somando-me aos 86 mil empregados do sistema Petrobras, sim, a gente está com o sentimento até de vergonha disso que a gente vivenciou, desses malfeitos que ocorreram”, disse Bendine, após a divulgação do balanço.

Hoje as ações da estatal brasileira subiram tanto na Bolsa de Valores brasileira quanto na de Nova York. O novo plano de negócios da Petrobras para os próximos cinco anos será divulgado em maio e terá como premissa a desalavancagem (menos crédito e redução de endividamento) da empresa, com investimentos em projetos de maior rentabilidade, disse ontem (23) a diretora de Exploração e Produção da estatal, Solange Guedes.

Após almoço oferecido em homenagem à presidenta sul-coreana, Dilma voltou a falar sobre a importância da divulgação do balanço de 2014 da estatal com a imprensa. “Eu considero muito importante a aprovação do balanço, porque a Petrobras vira uma página, acerta seu passo, e tenho certeza de que a Petrobras vai dar ainda muitas alegrias para nós nos próximos meses e anos”.

A presidenta destacou que a estatal receberá, pela terceira vez, o OTC Distinguished Achievement Award, maior prêmio concedido a uma empresa de petróleo por seu desenvolvimento tecnológico, e reforçou que a Petrobras superou as questões ligadas à Operação Lava Jato. “Ao concluir e registrar o seu balanço ela mostra também que superou todos os problemas de gestão ligados à questão da Lava Jato que, porventura, ainda estivessem pesando, justamente pela necessidade de se fazer o registro das perdas”, disse.


Danilo Macedo - Repórter da Agência Brasil
Edição: Beto Coura
 
 


Por que as ações da Petrobras sobem tanto (exceto nos jornais, claro)?

por Fernando Brito

Sem que isso renda, claro, algum tipo de manchete, segue acima de qualquer expectativa a valorização das ações da Petrobras.

No momento em que escrevo, passa de US$ 10 o valor da ADR da empresa em Nova York e a ação ordinária toca os R$ 15 na Bovespa.

Há pouco mais de um mês estes valores eram pouco mais da metade.

Há razões objetivas, – aliás, válidas para a Vale, também – essencialmente a elevação do preço do petróleo (como a do minério de ferro) e razões subjetivas.

Entre estas, a razão é que a campanha de terror sobre a empresa atirou para muito mais baixo o valor de seus papéis, com os espertalhões gritando “vendam, vendam!” e deprimindo preços.

Todo o mercado sabe que aquilo que o balanço da empresa divulgou é muito menos importante como reflexo da realidade econômica da empresa do que como o “preço” que a empresa pagou – o real e o de percepção – por um ano de bombardeio impiedoso.

Da mesma maneira, não se pode fazer projeções irresponsáveis com a disparada das ações da empresa.

Há muito movimento de curto prazo, com gente realizando lucros de compra na baixa ou zerando suas posições que estiveram desesperadoras nos piores momentos.

Mas é fato que estes têm encontrado compradores.

Hoje, a Fitch seguiu a Standard & Poors e retirou a perspectiva de revisão (evidente que para pior) da Petrobras.

Curioso, não é, que uma empresa que corta seu patrimônio e anuncia prejuízos seja vista com este “otimismo” pelo mercado?

“Enxugamento” da Petrobras e redução (ou postergação) de investimentos e alienação de ativos menos rentáveis eram todos previsíveis desde a queda dos preços do petróleo.

O “mercado” é muito mais esperto que a imprensa. A especulação com a Petrobras não terminou: vai ter alguns dias de “sinal trocado” para tomar (mais) dinheiro dos incautos.

A Petrobras, como o Brasil, precisa voltar à normalidade.


 Fernando Brito

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