Os presidentes da Ucrânia, Piotr Porochenko, e dos Estados Unidos, Barack Obama, o chefe da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, e o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, são reconhecidos culpados de crimes militares cometidos em Donbass. A sentença foi proclamada pelo Tribunal Russell, reunido no sábado passado em Veneza.
Por Andrei Ivanov
Estátua com a deusa Minerva, símbolo da Justiça
Destaque-se que uma prisão não ameaça por enquanto as personalidades referidas acima. O Tribunal Russell é uma entidade informal e suas resoluções não são obrigatórias para a execução. Foi convocado pela primeira vez em 1967 por iniciativa do filósofo Bertrand Russel e Jean-Paul Sartre, para reprovar os crimes militares cometidos por americanos e seus aliados em Vietnã. Uma das suas tarefas foi “estabelecer a verdade sobre aquela guerra sem dar atenção ao medo e simpatias”.
Atualmente, um júri formado por quatro juízes do povo, liderado por Albert Gardin, presidente do comitê organizativo do Tribunal Russell em Veneza e um dos dirigentes do movimento pelo restabelecimento da independência da República de Veneza, tentou estabelecer a verdade sobre a guerra no Sudeste da Ucrânia.
Não é fácil fazer para as pessoas que vivem na Europa ou na América. A mídia local está deturpando os acontecimentos reais, afirmando que em Kiev teria decorrido uma revolução democrática pacífica, que as unidades militares enviadas pelas novas autoridades teriam lutado no sudeste contra os terroristas financiados pelo Kremlin, tentando com a ajuda de militares russos separar aquela região da Ucrânia e anexá-la à Rússia ao exemplo da Crimeia, ocupada ilegalmente pela Rússia. Muitos americanos e europeus, sem falar de ucranianos, não acreditam nesses comunicados absurdos.
Os ucranianos, que não haviam concordado com a “revolução democrática” de Kiev, tentaram provar aos europeus que as autoridades ucranianas fazem guerra bárbara contra a população do sudeste com o apoio moral e financeiro dos EUA e da UE, inclusive com a ajuda de mercenários americanos e europeus.
Em países da União Europeia foi apresentada uma mostra de fotografias móvel em que são mostradas imagens de cadáveres queimados na Casa dos Sindicatos em Odessa, incendiada por nacionalistas ucranianos, de cidades e aldeias da Bacia do Don (Donbass), destruídas por artilharia e aviação da Ucrânia, de crianças em refúgios antiaéreos, de corpos humanos dilacerados em ruas. Mas essas fotografias cruéis e francas não foram vistas por muitas pessoas para esperar que os europeus mudem sua atitude para com os acontecimentos na Ucrânia.
Possivelmente, o Tribunal Russel ajudará os europeus e americanos a tomar consciência dos acontecimentos na Ucrânia. Ao ter ouvido as declarações de testemunhas sobre horrores da guerra civil no sudeste, o tribunal reconheceu culpados desse pesadelo os presidentes da Ucrânia, Piotr Porochenko, e dos Estados Unidos, Barack Obama, o chefe da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, e o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen. O veredito de culpa e as respectivas provas serão encaminhadas à ONU, à OSCE e ao Tribunal Penal Internacional.
Naturalmente, só as pessoas ingênuas podem supor que após a sessão os culpados vão ocupar o banco de réus, o que não aconteceu também depois do Tribunal de 1967 dedicado ao Vietnã. Mas aquela sessão contribuiu para o surgimento de um amplo movimento antimilitarista nos EUA e na Europa, cuja envergadura, tal como os êxitos de guerrilheiros vietnamitas que haviam lutado contra americanos e seus fantoches sul-vietnamitas, obrigaram no final das contas os Estados Unidos a deixar o Vietnã em paz.
É muito provável que na Ucrânia aconteça o mesmo. É interessante se a América irá experimentar depois disso uma “síndrome da Ucrânia” à semelhança da “síndrome do Vietnã”?
Por Andrei Ivanov
Articulista da emissora pública de rádio da Rússia
Voz da Rússia
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