domingo, 29 de maio de 2011

MST para Boris Casoy

 
Carta enviada pela direção do Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra à direção da Rede Record, em São Paulo.
"São Paulo, 13 de maio de 2000

À Rede Record de Televisão

São Paulo – SP

Prezados senhores,

Nessa semana, João Pedro Stedile e Gilmar Mauro, membros do nosso Movimento, foram convidados a participar do programa Passando a Limpo, apresentado pelo jornalista Boris Casoy. Mesmo sabendo que a televisão Record estava nos proporcionando um importante canal de comunicação com a sociedade, decidimos recusar o convite.

Essa decisão se deveu, exclusivamente, ao tratamento dado pelo jornalista Boris Casoy aos movimentos sociais, à luta pela reforma agrária e, especialmente, ao MST.

O jornalista Boris Casoy, talvez ainda saudoso do regime militar, continua insistindo que os movimentos sociais devem ser tratados como caso de polícia. E, com seus comentários tendenciosos, busca unicamente desinformar a sociedade e submeter-se à versão oficial do Estado sobre os fatos, comprometendo inclusive uma boa imagem da emissora.

Em nossa última jornada de mobilizações, o jornalista Boris Casoy, ao invés de informar a sociedade sobre os fatos, os motivos e objetivos dos acontecimentos e ater-se às informações apuradas pela equipe de reportagem da televisão Record, preferiu dizer inverdades e fazer falsas acusações, como a de que os trabalhadores rurais são ladrões.

Esse tipo de jornalismo praticado por Boris Casoy é uma vergonha e deveria ser passado a limpo. Afinal, para construir a democracia em nosso país, precisamos de um jornalismo que preserve a verdade, como exigem a ética profissional e a sociedade.

Com a nossa decisão, de recusar o convite para participar do programa Passando a Limpo, além de criticar a postura do jornalista Boris Casoy, que deve desculpas a todos os trabalhadores rurais sem terra, queremos enaltecer o trabalho dos jornalistas que prezam a ética e credibilidade.

Em defesa dessa mesma ética que insistimos em preservar e da credibilidade que conquistamos na sociedade, não trocamos nossa dignidade por alguns minutos no ar.


Atenciosamente,

Egídio Brunetto e Marina Santos, p/ Direção Nacional do MST

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