sábado, 14 de janeiro de 2012
Movimentos sociais fazem ato na cracolândia contra ação policial
Centenas de pessoas mobilizadas por 58 movimentos sociais estão reunidas na esquina da Rua Helvétia com Dino Bueno, um dos pontos mais críticos da Cracolândia, para protestar contra o trabalho policial do governo do Estado que tenta coibir o uso de crack e a ação de traficantes no local.
O ato iniciado por volta das 15h30 foi denominado de Churrascão da Gente Diferenciada e tem entre os participantes a organização não governamental (ONG) Coletivo Dar (Desentorpecendo a Razão). Em sua página na internet, a Coletivo Dar fez um convite público e recomendou às pessoas que levassem carne, pão, frutas e vinagrete, além de instrumentos musicais, bebidas, de preferência não alcoólica, e cartazes.
O nome do ato faz uma referência à resistência de moradores do bairro de Higienópolis, na zona oeste, à construção do metrô naquele bairro. Em maio do ano passado, os moradores do bairro fizeram manifestação pela não construção de uma estação do metrô alegando que o transporte de massa poderia atrair usuários de drogas.
Para Gabriela Moncau, uma das coordenadoras do ato promovido neste sábado, “a pretexto de resolver o problema do crack, o que [as autoridades] pretendem é demolir um terço das construções [do local] para substituí-las por bens mais valorizados”. Ela avalia que a população-alvo é vítima da falta de emprego e de moradia, necessitando ser atendida por um programa social.
“Somos contra essa invasão militar [ação policial] e a favor que se respeite os direitos humanos”, justificou Lucas Pretti, um dos coordenadores do Movimento BaixoCentro e produtor cultural da Transparência Hacker. Na avaliação dele, retirar à força os dependentes químicos da cracolândia não resolve a questão. Hoje (14) pela manhã, o governador do estado, Geraldo Alckmin, informou que 80 dependentes químicos deixaram a cracolândia voluntariamente.
Além de manifestar-se contrário ao trabalho feito pela prefeitura de São Paulo e pelo governo estadual, Pretti defende que os moradores da cidade devem ter um outro olhar para o problema, ocupando os espaços em atividades lúdicas e culturais. “Acho que a gente deve de parar de falar mal da cidade e propor atividades de artes e cultura.”
Desde ontem (13), o Movimento BaixoCentro promove eventos nos bairros da Luz, Santa Cecília, Vila Buarque e Campos Elíseos com o objetivo de angariar recursos para fazer um festival na região, no próximo mês de março. Ontem, ocorreu o desfile do bloco carnavalesco Filhos da Santa, antecedido por um passeio de bicicleta. Hoje (14), a Transparência Hacker se juntou ao Churrascão da Gente Diferenciada depois de um passeio de ônibus pela região em que os participantes puderam fotografar e fazer vídeos do cenário da cracolândia.
Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
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