quinta-feira, 1 de junho de 2017

Delator relata caixa 2 da Odebrecht para campanha presidencial de Capriles, diz jornal

Governador do Estado de Miranda e um dos líderes da oposição na Venezuela, Capriles já havia sido denunciado ao Ministério Público venezuelano em fevereiro por suspeita de ter recebido US$ 3 milhões em propinas da empresa

O jornal Valor Econômico publicou nesta quarta-feira (31/05) uma reportagem sobre a citação de Henrique Capriles, governador do Estado venezuelano de Miranda e um dos líderes da oposição ao chavismo, como receptor de doações ilegais da construtora Odebrecht para sua campanha presidencial em 2012.

Capriles foi nomeado na delação premiada de Euzenando Azevedo, ex-diretor da Odebrecht em Caracas, na investigação sobre pagamentos ilícitos da empresa no exterior. Segundo Azevedo, a Odebrecht transferiu dinheiro fora da contabilidade oficial para Capriles pois queria “criar um canal de diálogo” com o opositor para o caso de ele sair vitorioso do pleito. O político do partido Primeiro Justiça foi derrotado nas urnas por Hugo Chávez, que veio a falecer cinco meses depois de sua reeleição.

Marcelo Odebrecht, dono da construtora, enviou um pedido de desculpas a Maduro e afirmou que Azevedo havia decidido fazer doações ilegais à campanha de Capriles sem o consentimento da direção da empresa no Brasil. Depois disso, o então diretor da Odebrecht em Caracas foi “convidado” a voltar a São Paulo, diz o Valor.
Agência Efe

Henrique Capriles, governador do Estado venezuelano de Miranda e principal nome da oposição ao chavismo, teria recebido caixa 2 da Odebrecht em campanha presidencial em 2012

De acordo com o jornal, o Ministério Público Federal (MPF) irá enviar a partir de amanhã (01/06) o conteúdo das delações para dez países – entre eles a Venezuela – que investigam desvios cometidos pela Odebrecht e pediram cooperação jurídica ao Brasil. O dia 1º de junho marca o vencimento dos seis meses estipulados na cláusula de confidencialidade nos acordos de delação premiada de executivos da empresa com o MPF, assinados no dia 1º de dezembro de 2016.

Fontes do jornal no MPF afirmaram que há muito interesse de procuradores venezuelanos em ter acesso ao conteúdo das delações sobre ilícitos da empresa no país.

Em fevereiro, Capriles já havia sido denunciado ao Ministério Público da Venezuela por suspeita de ter recebido US$ 3 milhões em propinas da Odebrecht. No mesmo mês, a Justiça venezuelana chegou a congelar contas bancárias e ativos da empresa no país em meio às denúncias de propinas pagas pela Odebrecht a funcionários de governos em vários países da América Latina.

O delator também acusou Chávez de ser “o maior destinatário de recursos ilegais pagos pela Odebrecht na Venezuela” e disse que o então presidente continuaria sendo o “preferido” da empresa, que tocava obras de grande porte no país, sua principal fonte de divisas no exterior. O serviço bolivariano de inteligência, no entanto, descobriu a doação ilegal a Capriles e Nicolás Maduro, atual presidente e então ministro das Relações Exteriores da Venezuela, ameaçou cancelar os contratos da construtora.

Segundo o Valor, as assessorias de Capriles e de Maduro não responderam aos pedidos de comentários sobre a reportagem, enquanto a Odebrecht declarou que “não comenta delações específicas e declarou que mantém seu compromisso de colaborar com as autoridades dos países envolvidos”.

A dimensão internacional dos desvios da Odebrecht foi revelada no fim de 2016, quando o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, órgão com o qual a construtora também assinou um acordo de cooperação, revelou que a empresa admitiu ter pagado US$ 788 milhões em propinas em 12 países da América Latina e da África, incluindo o Brasil.

As investigações iniciadas por causa das informações envolveram, entre outros, os atuais presidentes do Panamá, Juan Carlos Varela, e da Colômbia, Juan Manuel Santos. Outro citado é o ex-presidente do Peru Alejandro Toledo.


Opera Mundi
Com Efe

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