sábado, 27 de agosto de 2016

Bolívia: procuradoria faz buscas em cooperativas e prende 10 mineiros após morte de vice-ministro

Ministério Público abriu processo penal contra dirigentes por bloqueio de estradas e pelo assassinato de Rodolfo Illanes, encontrado morto nesta quinta

Fiscais da Procuradoria de La Paz, na Bolívia, realizaram buscas nesta sexta-feira (26/08) nos escritórios de duas cooperativas de mineiros, no âmbito das investigações sobre o assassinato do vice-ministro de Interior, Rodolfo Illanes, sequestrado e assassinado nesta quinta-feira (25/08).

A operação teve como alvo os escritórios da Fencomin (Federação Nacional de Cooperativas Mineiras da Bolívia) e Fedecomin (Federação Departamental de Cooperativas Mineiras de La Paz), localizados no centro da capital boliviana.

Dez pessoas foram presas na ação, que foram conduzidas até a FELCC (Força Especial de Luta contra o Crime) para prestar esclarecimentos.
Agência Efe

Polícia e manifestantes entraram em confronto na região de Panduro

O fiscal Ruddy Terrazas disse ao jornal boliviano La Razón que houve também apreensão de documentos a fim de “esclarecer a história verídica dos fatos” a respeito da morte de Illanes.

O Ministério Público da Bolívia abriu processo penal por mais de dez delitos contra cerca de dez dirigentes mineiros pelos incidentes causados pelo bloqueio de estradas e pela morte de Illanes. Eles serão investigados por crimes como associação criminosa, terrorismo, porte ilegal de arma, sequestro e assassinato.

Houve também buscas na rádio Fedecomin, instalada na sede da entidade, que deixou de transmitir sua programação.

A rádio transmitia, nesta semana, informações sobre os confrontos entre a polícia boliviana e os mineiros na região de Panduro, a 186 quilômetros de La Paz, onde o vice-ministro de Interior foi encontrado morto.
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A morte de Illanes foi confirmada na noite de quinta-feira pelo ministro de Governo da Bolívia, Carlos Romero, que disse haver evidências de que o vice-ministro foi “covarde e brutalmente assassinado" após ter sido sequestrado por mineiros.

Romero declarou que Illanes foi feito refém quando tentava dialogar com mineiros que, há três dias, protestavam e bloqueavam estradas na região. Houve confrontos com a polícia, que resultaram na morte de dois manifestantes na quarta-feira (26/08). Os mineiros alegam que houve uma terceira vítima fatal, que não foi confirmada pelo governo boliviano.

Romero disse também que Illanes havia entrado em contato com o governo boliviano para informar sobre seu sequestro pelos mineiros, que estariam lhe fazendo ameaças.

Segundo informações do jornal La Razón, os dirigentes mineiros confirmaram estar com Illanes, mas disseram tratar-se de uma "retenção" do vice-ministro e não de um sequestro.

O presidente Evo Morales afirmou nesta sexta, em entrevista coletiva, que o assassinato de seu vice-ministro é "imperdoável" e decretou luto nacional por três dias, sem suspensão das atividades.

Segundo o promotor de La Paz, Edwin Blanco, relatórios preliminares do Instituto Médico Legal apontam que Illanes morreu após um derrame provocado por agressões físicas.

Os mineiros, agrupados em cooperativas privadas, querem alugar suas concessões mineradoras para empresas privadas ou estrangeiras, o que é vetado pela Constituição boliviana.


Opera Mundi

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